sexta-feira, 27 de maio de 2011

NARCOTRÁFICO - TURMA 3201 - CNEC FELIPE TIAGO GOMES

Os EUA na América Latina / México, Colômbia e Peru

O narcotráfico na estratégia imperial

A “Iniciativa Mérida”, firmada com o México em 2008, as bases na Colômbia e a IV Frota estacionada no Peru não são projetos isolados, mas parte de uma arquitetura de segurança que se enquadra no que Thomas Shannon, membro da administração Bush, chamava de um “novo paradigma de cooperação regional”

por Adriana Rossi

A decisão colombiana de franquear aos Estados Unidos novas bases militares em seu território, sob o argumento da luta contra o narcotráfico e a insurgência, agitou as águas políticas na América Latina. Causou preocupação e fortes reações entre governos progressistas da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

A V Cúpula de Líderes da América do Norte, realizada entre 9 e 10 de agosto de 2009 em Guadalajara, e da qual participaram o primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, e os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Felipe Calderón, do México, foi, de certa maneira, decepcionante. O golpe de Estado em Honduras mereceu breve menção, sem muitos gestos significativos, e temas espinhosos e de grande interesse para os mexicanos, como a migração, ficaram para uma próxima vez.1 Apesar disso, Calderón mostrou-se satisfeito com o forte respaldo recebido de Obama sobre um problema que o incomoda muito e que, do seu ponto de vista, coloca o México sob o risco de ser considerado um “Estado fracassado”2: o combate ao narcotráfico.

Calderón, que mantém com as Forças Armadas de seu país uma relação especial de favoritismo, reforçou os efetivos militares desde o início de seu mandato e, em 2007, criou uma força especial do exército sob a sua supervisão3. Também pensou, ou recebeu ajuda para pensar, em um instrumento de maior alcance para reduzir e acabar com a onda de violência: o “Plano México”.

Rebatizada como “Iniciativa Mérida”, para evitar qualquer suspeita e os possíveis e pouco agradáveis paralelismos com o “Plano Colômbia”, essa ideia foi aprovada pelo Congresso estadunidense e assinada pelo presidente George W. Bush em 30 de junho de 2008.

Os objetivos da “Iniciativa” enfatizam a otimização das atividades de inteligência, o fortalecimento da coordenação das forças de segurança e de informações entre os dois países signatários e o fornecimento de novas tecnologias, com a finalidade de garantir a ordem pública, impedir o tráfico de drogas e atuar contra o crime organizado e outras ameaças4.

Foram previstos fundos de US$ 1,4 milhão para o triênio 2008-2010. A primeira remessa de US$ 400 milhões para o México, e US$ 60 milhões para os países da América Central e do Caribe, chegou com grande atraso. A crise econômico-financeira e a incerteza das eleições presidenciais estadunidenses impediram que fosse colocado em prática, dentro dos prazos previstos, esse grande plano que ultrapassa as fronteiras mexicanas e envolve toda a região.

Do total do pacote de ajuda, 60% estão destinados a uma grande variedade de programas: combate à corrupção, adoção de mecanismos de transparência, melhoria do sistema judicial e reorganização do temível Centro de Investigação e Segurança Nacional (CISN) mexicano, entre outros. Este último programa prevê a reestruturação dos bancos de dados do CISN e do Instituto Nacional de Migração (INM), que se integrarão à Plataforma México5. O CISN gerenciará todas as informações sobre os agentes a cargo de cada um dos órgãos mexicanos, junto com os Estados Unidos, países da América Central e outros parceiros potenciais na luta contra o crime organizado e pela manutenção da segurança. Com isso, criou-se uma enorme rede de espionagem.

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