quinta-feira, 15 de setembro de 2011

URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

Urbanização Brasileira

Um breve resumo…
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Urbanização é o crescimento do urbano, o meio de vida da cidade (centro polarizador da região – as maiores mostradas em círculos amarelos no mapa que segue). Essa transformação quantitativa e qualitativa das cidades e municípios no Brasil respondem por uma remodelagem tanto urbana quanto rural. Segundo o IBGE, é considerada população urbana quem vive dentro do perímetro urbano de cada município.
Mapa de urbanização brasileira. Fonte: HERVÉ; MELO, 2008, p. 171.
As cidades crescem conforme suas categorias dimensionais (tamanho conforme a população que nele precisa habitar, viver, trabalhar), funções urbanas (portuária, turística, industrial, administrativa, religiosa… quanto mais funções, maior é o centro urbano) e setor terciário diversificado (uma rede de serviços mais desenvolvida com bens e serviços de consumo raro significa um centro urbano mais estruturado). Dentro da hierarquia urbana as cidades são classificadas desde uma escala local até uma escala global.
Mapa de crescimento das capitais 1872/2000. Fonte: HERVÉ; MELO, 2008, p. 172.
Exemplo conforme a divisão do IBGE que divide em 12 os principais centros urbanos do Brasil (veja mapa que segue):
  • Grande metrópole nacional  – São Paulo (19,5 milhões de hab. na região metropolitana em 2007)
  • Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília (11,8 e 3,2 milhões de hab. na região metropolitana em 2007) com polarização menor que São Paulo. São Paulo e Rio de Janeiro também são consideradas metrópoles globais e megacidades (segundo a ONU, cidades com mais de 10 milhões de habitantes). Uma cidade global pode não ser megacidade. Ex: Zurique, Suíça, pois tem 1,1 milhão de habitantes (2009).
  • Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre com poder de polarização em escala regional.
  • Capital regional – subdivididas em níveis A, B e C.
  • Centro sub-regional – subdivididos em A e B.
  • Centro de zona – subdivididos em A e B e exercem polarização apenas nas cidades vizinhas e dispõesm de apenas serviçoes elemnetares.
  • Centro local – cidades que atendem apenas a sua população local e não polarizam outro município.
Mapa de hierarquia urbana no Brasil. Fonte: COELHO; TERRA, 2005, p. 422.
A mobilidade da população associada à quantidade de oportunidades oferecidas pelos centros urbanos fizeram do êxodo rural o mais importante movimento populacional no Brasil do século XX. Um país que até a década de 1960 era predominanatemente rural passa a ter a maioria da população morando em cidades na década de 1970 e o índice de população rural tem diminuído nas décadas posteriores (em 2008, aproximadamente 84% da população do Brasil é urbana). Portanto, a população, fortemente estimulada por esse sonho de mobilidade espacial e social campo/cidade, foi uma das principais vertentes de modernização (HERVÉ, MELO, 2008, p. 170).
A mobilidade demográfica segundo Sene e Moreira (2010, p. 623) pode ser dividida da seguinte forma: até a década de 1930, as atividades econômicas eram ditadas pelas metrópoles e a ligação era frágil com mobilidade em escala regional; a partir da década de 1930 houve uma melhora nos transportes e telecomunicações facilitou a unificação do mercado polarizado na região Sudeste com São Paulo e Rio de Janeiro atraindo um grande contingente populacional; entre 1950 e 1980, o êxodo rural foi intenso e as áreas metropolitanas cresceram consideravelmente Destaque para o Sudeste e Sul que receberam muitos migrantes devido ao processo de crescimento industrial; da década de 1980 aos dias atuais, nota-se um crescimento maior nas cidades médias e metrópoles regionais devido às oportunidades oferecidas nesses locais causando inclusive o processo de desmetropolização que gera uma desaceleração no crescimento populacional de regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro (ADAS, 2004, p. 225). Mesmo assim a polaridade exercida pelas metrópoles do Rio de Janeiro e São Paulo é tida como centralidade máxima (vide mapa).
Mapa de polarização das cidades brasileiras. Fonte: HERVÉ; MELO, 2008, p. 176.
Principais regiões metropolitanas brasileiras. Nota-se a mancha da Região Integrada de Desenvolvimento Econômico – RIDE de Brasília com uma mancha maior que as da região Sudeste. A intensidade urbana e influência exercida pela RIDE é menor que as regiões metropolitanas do Sudeste e sua espacialidade é mais horizontalizada, por isso a extensão da mancha de influência que chega a municípios de Goias e Minas Gerais. As regiões metropolitanas brasileiras a partir da Constituição de 1988 passaram a ser delimitadas por legislação estadual (antes a delimitação era determinada por lei federal) e em 2009 o Brasil encontrava-se com 29 regiões metropolitanas.
Até a década de 1940, aproximadamente 90% da população brasileira se concentrava em até 200km do litoral e principalmente no Sudeste e Sul do país com uma primazia das metrópoles, as capitais, que exerciam um papel superior dentro da hierarquia urbana. Conforme Hervé e Melo (2008, p. 172), as cidades que não são capitais e têm mais de 500 mil habitantes concentram-se no Sudeste. Mesma região que a única megalópole brasileira está em formação (junção de duas ou mais metrópoles pelo processo da conurbação – união física entre dois centros urbanos).
Megalópole SP/RJ em formação no curso da Via Dutra. Fonte: COELHO; TERRA, 2005, p. 420.
A interligação física e a intensificação de fluxos (materiais e imateriais) formam a rede urbana, os troços instalados em diferentes períodos que contribuem para articulação regional entendido em Milton Santos, na sua obra A natureza do espaço, 2002, p. 263.
A urbanização desordenada e a falta de planejamento urbano, que pega os municípios despreparados para atender às necessidades básicas dos migrantes, causa uma série de problemas sociais e ambientais. Dentre eles destacam-se o desemprego, a criminalidade, a favelização (vide mapa que segue) e a poluição do ar e da água. Relatório do Programa Habitat, órgão ligado à ONU, revela que 52,3 milhões de brasileiros – cerca de 28% da população – vivem nas 16.433 favelas cadastradas no país, contingente que chegará a 55 milhões de pessoas em 2020.
Fonte: HERVÉ, MELLO, 2008, p. 193.
Nota-se que junto a todo o desenvolvimento cresce também as desigualdades que se concentram na cidade chamada de informal, as favelas que cresceram desordenadamente e com maior velocidade nos grandes centros urbanos, como mostra o mapa e a figura que segue.
Favela na Av. Vasco da Gama em Salvador/Ba. Fonte: Foto do autor em 2007. Na foto abaixo, a imagem de satélite mostra a mesma favela com uma seta em vermelho indicando de onde a foto acima foi tirada.