quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O mundo já enfrenta sua dependência de combustíveis fósseis baratos e abundantes.
Por Bill McKibben
Foto de Peter Essick


O fogo crepitante pode proporcionar uma atmosfera agradável. Em muitos países em desenvolvimento, centenas de milhões de pessoas usam lenha para obter mais de 74% de suas necessidades energéticas.

Estamos imobilizados - entre uma rocha inviável e um ambiente superaquecido. E é uma questão em aberto se vamos conseguir nos libertar. E essa questão vai definir se o século 21 será marcado pela manutenção do progresso ou pelo início de um declínio longo e debilitante. O que está em jogo é a salvação do planeta em que vivemos.

A energia, claro, não é apenas mais um aspecto da nossa economia. Para todos os fins, ela é nossa economia. O grande economista John Maynard Keynes certa vez afirmou que as condições de vida da maioria dos seres humanos haviam, na melhor das hipóteses, dobrado de qualidade ao longo dos milênios desde o alvorecer da história até a virada do século 18, quando aprendemos a usar o carvão para mover máquinas. Em um curto espaço de tempo, as condições de vida, no Ocidente beneficiado por essa fonte de energia, passaram a ter sua qualidade de vida dobrada em intervalos de poucas décadas. (Há motivo, afinal, para que as expressões "mundo industrializado" e "mundo desenvolvido" sejam quase equivalentes.)

O que aconteceu é que deixamos de ficar restritos ao excedente energético que se podia extrair dos raios solares incidentes no planeta. De um momento para outro, passamos a ter acesso ao capital lentamente acumulado num banco - resultado dos milhões de anos de depósitos de samambaias, plâncton e dinossauros em que o tempo havia transformado em carvão mineral, gás natural e petróleo. Éramos como os felizes herdeiros de alguém muito rico e falecido há muito cujo testamento fora afinal decifrado. E passamos a gastar essa riqueza sem pensar nas consequências. Foram esses gastos que fizeram de nós o que somos hoje. Todas as nossas revoluções (a industrial, a química, a eletrônica e até mesmo a da informática) devem sua força a esse sangue novo que 4 ui pelas veias de nossa economia. Acima de todas elas, porém, está a revolução do consumo. A ampliação de nossas casas e zonas urbanas revelou-se o método mais eficiente para aumentar a demanda por combustível fóssil. Nossa casa cada vez mais cheia de eletrodomésticos e unida por carros cada vez maiores e mais vazios fizeram com que nossos medidores de eletricidade e nossas bombas de gasolina girassem como nunca antes. Que imagens os Estados Unidos enviam ao resto do mundo por meio de seus filmes e programas de TV? Exatamente as imagens de conforto suburbano.

Aparentemente, não havia nenhum problema em tal anseio. O plano A para a raça humana é que todos nós acabaríamos ricos, que todos se beneficiariam da mesma energia cativa que tão bem serviu ao Ocidente. Tudo parecia estar ocorrendo como o previsto: o período de crescimento explosivo na década de 1990 testemunhou nossa prosperidade generalizada, e também nosso consumo maciço de energia, começando a se difundir pela Ásia. Mas havia dois pequenos problemas: há 20 anos, se alguém chegava a pensar em aquecimento global, era como ameaça distante e improvável. Cinco anos atrás, a maioria das pessoas jamais ouvira falar na possibilidade de o petróleo um dia acabar. Bem, hoje, essas são as duas mandíbulas que vêm inexoravelmente se fechando e restringindo nossas opções. Examinados com cuidado, esses problemas podem nos apontar como vai ser o futuro - uma época na qual estaremos esgotando parte da energia de que necessitamos e não poderemos usar a outra parte pelo temor de arruinar a atmosfera. Um futuro que, de repente, não se parece com nada do que imaginamos por tanto tempo.

Para entendermos o motivo disso basta um pouco de matemática. No ano passado, a Agência de Informação sobre Energia, um órgão do governo americano, previu que, mantidas as atuais condições, o consumo mundial de energia aumentaria 50% até 2030. Esse é um bom número arredondado, resumindo o anseio das pessoas de todo o mundo por geladeiras, televisões, cubos de gelo, hambúrgueres, motocicletas e, nos trópicos, aparelhos de ar condicionado.

Todavia, não é nada claro de onde vai sair toda essa energia, pois o fato é que vivemos numa época em que o petróleo está começando a acabar. Em novembro de 2008, a Agência Internacional de Energia estimou que a produção mundial dos campos petrolíferos maduros está diminuindo 6,7% ao ano, um ritmo que provavelmente vai se acelerar ao longo do tempo. Para compensar esse declínio será preciso descobrir todos os anos o equivalente à produção atual do Kuweit, ou, se isso for possível, extrair tal volume dos campos petrolíferos já existentes. Para especialistas, nós já ultrapassamos o pico de produção de petróleo. Os mais otimistas acham que ainda pode ser uma questão de anos. Mas ninguém tem dúvida quanto ao que nos reserva o futuro, e é por isso que o barril de petróleo chegou a custar 147 dólares no ano passado. Foi necessária a ameaça de uma grande depressão para que voltasse ao patamar de 40 dólares.

E quais são as opções? Bem, existem outros combustíveis fósseis. Mas o gás natural também vai se esgotar um dia. O substituto óbvio é o carvão, o qual já exploramos bastante - o problema é que o carvão nos leva a outra ponta do dilema. Ele é o mais poluente de todos combustíveis: ao queimá-lo, lançamos toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, o principal responsável pelo aquecimento global.

Estamos imobilizados - entre uma rocha inviável e um ambiente superaquecido. E é uma questão em aberto se vamos conseguir nos libertar. E essa questão vai definir se o século 21 será marcado pela manutenção do progresso ou pelo início de um declínio longo e debilitante. O que está em jogo é a salvação do planeta em que vivemos.

A energia, claro, não é apenas mais um aspecto da nossa economia. Para todos os fins, ela é nossa economia. O grande economista John Maynard Keynes certa vez afirmou que as condições de vida da maioria dos seres humanos haviam, na melhor das hipóteses, dobrado de qualidade ao longo dos milênios desde o alvorecer da história até a virada do século 18, quando aprendemos a usar o carvão para mover máquinas. Em um curto espaço de tempo, as condições de vida, no Ocidente beneficiado por essa fonte de energia, passaram a ter sua qualidade de vida dobrada em intervalos de poucas décadas. (Há motivo, afinal, para que as expressões "mundo industrializado" e "mundo desenvolvido" sejam quase equivalentes.)

O que aconteceu é que deixamos de ficar restritos ao excedente energético que se podia extrair dos raios solares incidentes no planeta. De um momento para outro, passamos a ter acesso ao capital lentamente acumulado num banco - resultado dos milhões de anos de depósitos de samambaias, plâncton e dinossauros em que o tempo havia transformado em carvão mineral, gás natural e petróleo. Éramos como os felizes herdeiros de alguém muito rico e falecido há muito cujo testamento fora afinal decifrado. E passamos a gastar essa riqueza sem pensar nas consequências. Foram esses gastos que fizeram de nós o que somos hoje. Todas as nossas revoluções (a industrial, a química, a eletrônica e até mesmo a da informática) devem sua força a esse sangue novo que 4 ui pelas veias de nossa economia. Acima de todas elas, porém, está a revolução do consumo. A ampliação de nossas casas e zonas urbanas revelou-se o método mais eficiente para aumentar a demanda por combustível fóssil. Nossa casa cada vez mais cheia de eletrodomésticos e unida por carros cada vez maiores e mais vazios fizeram com que nossos medidores de eletricidade e nossas bombas de gasolina girassem como nunca antes. Que imagens os Estados Unidos enviam ao resto do mundo por meio de seus filmes e programas de TV? Exatamente as imagens de conforto suburbano.

Aparentemente, não havia nenhum problema em tal anseio. O plano A para a raça humana é que todos nós acabaríamos ricos, que todos se beneficiariam da mesma energia cativa que tão bem serviu ao Ocidente. Tudo parecia estar ocorrendo como o previsto: o período de crescimento explosivo na década de 1990 testemunhou nossa prosperidade generalizada, e também nosso consumo maciço de energia, começando a se difundir pela Ásia. Mas havia dois pequenos problemas: há 20 anos, se alguém chegava a pensar em aquecimento global, era como ameaça distante e improvável. Cinco anos atrás, a maioria das pessoas jamais ouvira falar na possibilidade de o petróleo um dia acabar. Bem, hoje, essas são as duas mandíbulas que vêm inexoravelmente se fechando e restringindo nossas opções. Examinados com cuidado, esses problemas podem nos apontar como vai ser o futuro - uma época na qual estaremos esgotando parte da energia de que necessitamos e não poderemos usar a outra parte pelo temor de arruinar a atmosfera. Um futuro que, de repente, não se parece com nada do que imaginamos por tanto tempo.

Para entendermos o motivo disso basta um pouco de matemática. No ano passado, a Agência de Informação sobre Energia, um órgão do governo americano, previu que, mantidas as atuais condições, o consumo mundial de energia aumentaria 50% até 2030. Esse é um bom número arredondado, resumindo o anseio das pessoas de todo o mundo por geladeiras, televisões, cubos de gelo, hambúrgueres, motocicletas e, nos trópicos, aparelhos de ar condicionado.

Todavia, não é nada claro de onde vai sair toda essa energia, pois o fato é que vivemos numa época em que o petróleo está começando a acabar. Em novembro de 2008, a Agência Internacional de Energia estimou que a produção mundial dos campos petrolíferos maduros está diminuindo 6,7% ao ano, um ritmo que provavelmente vai se acelerar ao longo do tempo. Para compensar esse declínio será preciso descobrir todos os anos o equivalente à produção atual do Kuweit, ou, se isso for possível, extrair tal volume dos campos petrolíferos já existentes. Para especialistas, nós já ultrapassamos o pico de produção de petróleo. Os mais otimistas acham que ainda pode ser uma questão de anos. Mas ninguém tem dúvida quanto ao que nos reserva o futuro, e é por isso que o barril de petróleo chegou a custar 147 dólares no ano passado. Foi necessária a ameaça de uma grande depressão para que voltasse ao patamar de 40 dólares.

E quais são as opções? Bem, existem outros combustíveis fósseis. Mas o gás natural também vai se esgotar um dia. O substituto óbvio é o carvão, o qual já exploramos bastante - o problema é que o carvão nos leva a outra ponta do dilema. Ele é o mais poluente de todos combustíveis: ao queimá-lo, lançamos toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, o principal responsável pelo aquecimento global.

Revista NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL - 05/2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

efeito estufa

O acúmulo provocado pelo homem de gases responsáveis pelo efeito estufa na atmosfera parece ter contido um mergulho, preparado por muitos milênios, na direção de temperaturas mais frias no verão no Ártico, informam os autores de um novo estudo.

Cientistas familiarizados com o trabalho, que será publicado na sexta-feira na revista "Science", disseram que ele fornece novas evidências de que a atividade humana não está apenas aquecendo o planeta, particularmente o Ártico, mas poderia até mesmo afastar um ingresso supostamente inevitável em uma nova era glacial ao longo das próximas poucas dezenas de milênios.
Iceberg fictício flui pelo rio Sena, em Paris (França), durante um protesto da ONG Greenpeace contra o aquecimento global. Estudo diz que o fenômeno está retardando a volta da era glacial
A reversão da tendência de lento resfriamento do Ártico, registrada em amostras de camadas de sedimentos no leito dos lagos, de gelo glacial e dos anéis dos troncos de árvore do Alasca até a Sibéria, foi rápida e pronunciada, escreve a equipe.

Estudos anteriores também mostraram que o Ártico, mais do que o planeta como um todo, viu um aquecimento incomum nas últimas décadas. Mas a nova análise fornece detalhes década a década que remontam 2 mil anos - cinco vezes mais longe do que o trabalho anterior em escala tão detalhada.

Vários cientistas climáticos disseram que o novo estudo é mais significativo ao mostrar quão fortemente o clima do Ártico parece estar respondendo ao efeito estufa, que está tendo uma mistura mais complexa e sutil de efeitos por todo o mundo.

Darrell S. Kaufman, o principal autor e um especialista em clima da Universidade do Norte do Arizona, disse que a maior surpresa foi a força da mudança de resfriamento para aquecimento, que teve início em 1900 e se intensificou após 1950.

"A tendência de lento resfriamento é trivial em comparação ao aquecimento que está ocorrendo e que ainda ocorrerá", disse Kaufman.

Vários cientistas que não estiveram envolvidos no estudo concordaram que o ritmo da reversão de temperatura ultrapassa em muito a variação natural nas temperaturas árticas, apoiando a ideia de que o aquecimento é causado pelos seres humanos e é potencialmente disruptivo.

Segundo o estudo, após um lento resfriamento de menos de meio grau Fahrenheit por milênio, provocado por uma mudança cíclica na orientação do Pólo Norte e do Sol, a região aqueceu 2,2 graus apenas desde 1900, com a década de 1998 a 2008 sendo a mais quente em 2 mil anos.

Em teoria, as temperaturas de verão na região ártica deveriam continuar esfriando por pelo menos mais 4 mil anos, dada a crescente distância entre o Sol e o Pólo Norte durante o verão no Hemisfério Norte, diz o estudo.

Mas Jonathan T. Overpeck, um autor do estudo e especialista em clima da Universidade do Arizona, disse que o aumento da concentração de gases duradouros do efeito estufa garantiu um aquecimento em um ritmo que poderia estressar os ecossistemas e causar um rápido derretimento da grande camada de gelo da Groenlândia.

"A rápida velocidade do recente aquecimento é a parte assustadora", disse Overpeck. "Isso significa que grandes impactos sobre os ecossistemas árticos e sobre o nível global dos mares podem não estar distantes, a menos que atuemos rapidamente para conter o aquecimento global."

No longo prazo, a capacidade de aquecer artificialmente o clima, particularmente o Ártico, poderia ser vista como uma dádiva, à medida que a mudança da orientação do planeta em relação ao Sol entra em uma fase que poderia iniciar a próxima era glacial.

Como resultado dessas mudanças periódicas, 17 eras glaciais já ocorreram em 2 milhões de anos. A última era glacial terminou há 11 mil anos e a próxima, segundo a recente pesquisa, poderia ocorrer daqui 20 mil ou 30 mil anos descontando qualquer influência humana. A última era glacial enterrou grande parte do Hemisfério Norte sob mais de um quilômetro e meio de gelo.

Com a clara e crescente capacidade dos seres humanos de alterar o clima, disse Overpeck, "nós poderíamos pular totalmente a próxima oportunidade".

Tradução: George El Khouri Andolfato

The New York Times

Terça-feira, 1 de Setembro de 2009


Ferro de icebergs da Antártida pode reduzir aquecimento global



Gerald Traufetter
Pesquisa recente mostra que o derretimento dos icebergs no oceano ao redor da Antártida pode na verdade desacelerar o aquecimento global. As partículas de ferro que eles contêm alimentam as algas que absorvem o CO2. Poderia o cultivo artificial de algas nas águas frígidas ajudar a combater a mudança climática?

A pesca era fria e sem vida, sem nenhum peixe se debatendo na rede. Quando foi colocada no convés do HMS Endurance no Atlântico Sul, além da costa da Antártida, o único som foi um rangido abafado.

Então os pesquisadores polares pegaram marretas e começaram a trabalhar na pesca, um bloco de gelo medindo mais de 10 metros de comprimento. Eles lascaram o gelo até chegarem profundamente em seu interior, onde fizeram uma descoberta empolgante.

Sob um microscópio eletrônico, minúsculas partículas de ferro se tornaram visíveis. "Essas partículas medem apenas uma fração de milímetro", explicou o líder da equipe, Rob Raiswell, "mas elas têm grande importância para o clima global".

Um geoquímico da Universidade de Leeds, Raiswell partiu com navio quebra-gelo britânico Endurance visando investigar uma hipótese que há muito circula entre os pesquisadores polares. A idéia é de que os icebergs transportam minúsculas partículas de ferro dentro de sua massa congelada. À medida que os grandes pedaços de gelo derretem lentamente, eles liberam essas partículas no Oceano Sul. Lá, segundo a conjectura, esses compostos de ferro têm um efeito incrível, fertilizando as águas ao redor da Antártida.

Afundando o CO2 no fundo do oceano

O oceano que cerca o continente gelado é cheio de nutrientes como o nitrogênio. O único elemento que falta para estimular a formação de plânctons é o ferro. Até agora, o vento era a única fonte comprovada de ferro no Oceano Sul, soprando o óxido de ferro muito necessário e outros óxidos metálicos dos desertos dos continentes do Hemisfério Sul. Mas as quantidades transportadas por este método são minúsculas.

"Esta é a primeira vez que conseguimos comprovar a presença dos elementos em icebergs", explicou Raiswell. Com sua descoberta além da costa da Península Antártica, os cientistas revelaram um mecanismo poderoso que opera sob as ondas há milhões de anos: os icebergs fertilizam o oceano ao redor do Pólo Sul com partículas microscópicas contendo ferro. As algas podem florescer, e por sua vez elas absorvem o dióxido de carbono do efeito estufa da atmosfera da Terra via fotossíntese. Algumas das algas então afundam para o solo do oceano.

"Isso ajuda a desacelerar o aquecimento global", disse Raiswell. O pesquisador calculou a quantidade aproximada de CO2 eliminado por meio deste processo. Os icebergs, ele calcula, despejam atualmente 120 mil toneladas de ferro no Oceano Sul, fazendo com que 2,6 bilhões de toneladas de CO2 sejam removidos da atmosfera. A quantidade imensa corresponde aos gases do efeito estufa emitidos pelas chaminés das usinas elétricas, chaminés domésticas e escapamentos dos automóveis na Índia e Japão somados.

"A própria Terra parece querer nos salvar", prosseguiu Raiswell. Ele vê este processo de autocura como tendo potencial "significativo", apesar de "ser insuficiente" para deter o aquecimento global.

Fazendo as algas florescerem

Segundo os cálculos de Raiswell, o efeito aumentará nas próximas décadas, à medida que mais e mais gelo se desprender das camadas de gelo por causa da elevação das temperaturas. Isto está acontecendo especialmente ao longo da Península Antártica, que está vendo um rápido aumento das temperaturas de 2,5º C nos últimos 50 anos. Para cada ponto percentual de aumento na quantidade de gelo que se desprende, um adicional de 26 milhões de toneladas de CO2 é removido da atmosfera.

Enquanto isso, o gelo está se deslocando para fora do interior do continente antártico mais rápido do que nunca, se arrastando pelo leito rochoso e recolhendo óxidos de ferro como a schwertmanita. O ferro desses minérios então permite que as algas do oceano floresçam em maior quantidade.

Mesmo assim, esta fertilização natural de ferro não se aproxima da exploração do potencial pleno do Oceano Sul, rico em nutrientes mas pobre em ferro, de seqüestrar CO2. A área deficiente em ferro cobre 50 milhões de quilômetros quadrados. Se toda esta área fosse fertilizada artificialmente como vários milhões de toneladas de óxido de ferro, o oceano poderia remover 3,5 gigatoneladas de dióxido de carbono da atmosfera. Isso representa um oitavo das emissões anuais produzidas pela queima de petróleo, gás e carvão.

Entre os cientistas e ambientalistas, há muito está em desenvolvimento um plano para fertilizar o oceano ao redor da Antártida com sulfato de ferro, usando grandes navios-tanque. O plano é controverso, já que os ambientalistas temem que tamanha geoengenharia poderia causar um desequilíbrio do ecossistema. A oceanógrafa americana Mary Silver até mesmo previu a proliferação em grande escala de algas venenosas. Por este motivo, a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, em maio de 2008, pediu a moratória desses planos, pelo menos até que maiores resultados científicos estejam disponíveis.

Um novo projeto agora busca preencher esta lacuna de conhecimento. O navio quebra-gelo de pesquisa alemão, Polarstern, partirá da Cidade do Cabo para a Antártida no início de janeiro. O líder do projeto é Victor Smetacek, do Instituto Alfred Wegener para Pesquisa Polar e Marinha (AWI). Uma equipe indiana-alemã de 49 pessoas o acompanhará.

Manipulação do planeta

O plano é criar um florescimento artificial de plâncton ao norte da ilha de Geórgia do Sul usando várias toneladas de sulfato de ferro. "Será o maior florescimento produzido até hoje", disse Smetacek. Tão grande, de fato, que será possível vê-lo do espaço com satélites especiais, e atrairá grandes quantidades de krills do sul.

Smetacek planeja fazer um grande esforço metrológico para investigar quanta alga de fato afunda para o fundo do oceano. Para isso, ele se concentrará em uma espécie particular de alga que cresce ao longo da costa. Os esporos desta espécie são revestidos por uma concha de dióxido de silício e também incorporam o dióxido de carbono em suas partes orgânicas internas. Quando os esporos afundam na água, mesmo os peixes dificilmente conseguem digeri-los. "Logo, o gás do efeito estufa certamente permanecerá fora da atmosfera da Terra por várias centenas de anos", explicou Smetacek.

Ele também sugeriu a criação de uma autoridade nas Nações Unidas para supervisionar futuros projetos de fertilização com ferro realizados para salvar o clima. O pesquisador não quer deixar este assunto nas mãos da iniciativa privada, permitindo que empresas simplesmente comprem sua isenção de outras obrigações relacionadas ao clima com um navio-tanque cheio de sulfato de ferro. "A questão é complexa demais para não ser supervisionada por cientistas", ele disse.

Para os críticos que chamam isto de uma manipulação excessiva do funcionamento natural do planeta, Smetacek responde: "As objeções deles desaparecerão quando nossa impotência diante da mudança climática ficar aparente".

as chuvas podem ser divididas em:
As convectivas são precipitações formadas pela ascensão das massas de ar quente da superfície, carregadas de vapor d'água. Ao subir o ar sofre resfriamento provocando a condensação do vapor de água presente e, consequentemente, a precipitação. São características deste tipo de precipitação a curta duração, alta intensidade, freqüentes descargas elétricas e abrangência de pequenas áreas. Ex. as chuvas torrenciais na amazônia,
As chuvas orográficas são normalmente provocadas pelo deslocamento de camadas de ar úmido para cima devido a existência de elevação natural do terreno por longas extensões. Caracterizam-se pela longa duração e baixa intensidade, abrangendo grandes áreas por várias horas continuamente e sem descargas elétricas.
As chuvas frontais originam-se do deslocamento de frentes frias ou quentes contra frentes contrárias termicamente, são mais fortes que as orográficas abrangendo, porém, como aquelas, grandes áreas, precipitando-se intermitentemente com breves intervalos de estiagem e com presença de violentas descargas elétricas. Ex. encontro da mTa(massa Tropical atlântica) com a mPa(massa Polar atlântica)